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2010/07/17

Made In Lisbon


Quando observa qualquer cartaz promovedor de concertos de uma banda de hard rock constituída por elementos que se encontram na casa dos sessenta anos, fá-lo com relutância? Desconfia, porque as velhas carcaças dificilmente conseguirão transmitir a energia marcante de outros tempos? Decide ir, mas mantém muitas reservas? A propósito, se optou por ficar em casa na noite de Quarta-feira, refugiando-se nas recordações envolventes quando nos anos 70, colocava no gira-discos um álbum da “Púrpura Profunda”, este texto é para si! Trata-se do retrato do que foi as ultimas horas de 14 de Julho, nas Portas de Santo Antão.

Ao contrário do que fazem outras bandas ao entrarem no palco com avultado atraso, os Deep Purple, fazendo jus à pontualidade britânica, demonstraram respeito pela imensa audiência que esgotou o Coliseu dos Recreios, abrindo o espectáculo com o lendário «Highway Star», seguido num só fôlego por «Things I Never Said» e «Strange Kind of Woman» (ambos sem paragem para descanso ou para aplausos).

Relembrando que o grupo não edita nenhum álbum desde 2005, Ian Gillan anuncia «Rapture of the Deep», e após «Fireball», elogia o público. Antes de sair do palco por breves instantes, apresenta o guitarrista Steve Morse, que introduz um momento tranquilo com o blues «Contact Lost», num cambiante solo marcado por momentos calmosos e outros intensamente dinâmicos. No final de «When a Blind Man Cries», Gillan, posicionado na retaguarda de Morse, solicita aplausos para o desempenho do companheiro, recebendo a aclamação desejada com as luzes a incidirem sobre o instrumentista.

Através de uma narrativa em ascensão do teclado Hammond, de Don Airey (membro que substituiu Jon Lord em 2002), evidencia-se «Lazy», onde Gillian empresta os beiços para dar vigorosa voz à pequena gaita que embeleza os arranjos após a primeira estrofe. Um acontecimento inestimável que ninguém suponha que iria testemunhar no espectáculo de um dos nomes fundadores do hard rock, foi a sucessão de sons indomáveis que mais uma vez, Airey extrai das teclas, demonstrando agilidade virtuosa no desencadeamento de encontros tão díspares de linguagens musicais, deambulando pelo excerto da «Marcha Turca» de Mozart, até ao divertido e surpreendente «Cheira Bem Cheira a Lisboa», proporcionando, inofensivamente, um enorme leque de emoções fortes que num futuro próximo, será projectado na memória da assistência.








Com a batida metronómica binária da bateria, surge «Space Trukin`», privilegiando o público que sabia a letra de cor. Igual tratamento dos fãs, beneficiou o último tema antes do êncore, o clássico «Smoke on the Water», que relata o incêndio ocorrido em 1971, no Casino Montreux, à beira do Lago Léman, aquando do concerto de Frank Zappa.





No regresso ao palco, Steve Morse dedilha na guitarra um fragmento de música clássica. Gillan, interrompe, anunciando: “Senhores e senhoras, rapazes e raparigas, esta é uma noite de rock & roll”. Surge, então, um sugestivo meddley de covers de Ray Charles («I Got a Woman») e Elvis Presley («It`s Now Or Never»), que fazem a ponte para «Speed King», seguida de «Hush», no qual Ian Paice ensaia um pequeno solo de bateria.

Roger Glover, acompanhado por Paice, extrai notas da viola baixo como se tocasse numa guitarra ritmo., guarnecendo de energia o tema «Black Night», que põe termo à noite, onde apesar da voz de Gillan, denotar que não está nas perfeitas faculdades ao nível dos registos agudos (na gravação baseada na digressão por Osaka e Tóquio, em 1972, ainda que não pareça, a sua voz também não estava em perfeitas condições, devido a problemas de inflamação na garganta), foi facilmente aceite pela assistência que acolheu de braços abertos estes gigantes do heavy rock, os quais proporcionaram um apreciável concerto, caracterizado pela personalidade própria, única e inconfundível da sua música, que beneficiou de rigoroso trabalho sonoro à altura do acontecimento, isento de distorção.

Durante 112 minutos, os Deep Purple, que rivalizaram com os Zeppelin na década de 70, não decepcionaram, embarcando com o público numa viagem recheada de momentos emocionantes, demonstrando enorme gratidão pela massa humana que rumou ao Coliseu. Para a próxima, quando os cépticos forem confrontados com cartaz onde constam “cotas”, recorde-se deste relato, e marque presença. Para muitas individualidades, este foi um dos melhores concertos da presente década.

Bem-haja à Porto Eventos que, na arriscada missão em pleno tempo de crise, trouxe até nós estes gurus, provando que tudo é possível com muita vontade de sonhar…


Texto:Ghost4u
Bonecos: Maxmix e *©OsMi©_KeY§*_®
2010 – VII - 15

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