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2011/04/09

Jazz Português Em Festa


Lisboa é cada vez mais uma cidade que oferece várias iniciativas culturais, nas quais ovacionam-se reputados artistas e se institui festivais de boa casta. O mês de Março foi pródigo em eventos musicais e os três primeiros dias de Abril,foram marcados por mais uma festa rija de jazz.

A 9ª Festa do Jazz do São Luiz, iniciou um novo ciclo na vida do evento, a fim de conceder vitalidade e iluminar o horizonte para a abertura de mercados externos ao jazz feito em Portugal, como factor essencial para a regeneração e promoção dos nossos músicos. Para tal, entre a assistência, estiveram profissionais estrangeiros, nomeadamente: críticos,jornalistas, promotores de concertos e representantes de editoras discográficas.

Os 40 espectáculos foram repartidos pelas quatro salas do teatro, onde um número considerável de alunos, em convívio fraterno, desvendara o trabalho desenvolvido por 17 Escolas de Música. Em cheio foi a abertura da festividade, com o repetente Bernardo Sassetti, acompanhado por Carlos Barretto e Alexandre Frazão, interpretando temas do disco «Motion». Depois, com um longo percurso musical, a cantora Maria João teve a companhia da Orquestra Jazz de Matosinhos, antecedendo, assim, a actuação do sexteto luso-germânico JazzPoll NRW.

No segundo dia, a música na Sala Principal chegou pela mão de No Project, onde o pianista João Paulo Esteves da Silva, revelou a origem do nome, referindo que “tal como o salmão nada contra a corrente, este é um trio que, apesar do advérbio utilizado, tem intenção de remar contra ideias pré instituídas e inerentes tendências”, arrancando aplausos entusiásticos e de concordância entre o público.



Joana Machado, foi intérprete da poesia de Alberto Caeiro, Nuno Júdice e Sophia de Mello Breyner Andersen, inclusa em «Travessia dos Poetas – Rosapeixe», registo gravado o ano passado em parceria com o pianista e compositor galego, Abe Rábade. A cantora, posicionando-se atrás do conjunto de instrumentos de percussão, enquanto declamava «Carta de Paixão», acariciou o baterista que, quando foi afagado no peito, cedendo à tentação, apalpou-lhe as nádegas, situação que arrancou sorrisos entre a audiência e os instrumentistas. Esse espontâneo gesto, aquando a apresentação dos parceiros de palco, fê-la dizer que “o Bruno Pedroso passou das marcas. Terá que ajustar contas”.


Às 23h00, teve lugar uma das mais originais experiências… Com a sala totalmente iluminada, o sonoplasta liberta das colunas, fortes sequências sonoras de estilhaços de garrafas de vidro e loiças. Compassadamente, a luminosidade vai decrescendo para dar entrada aos 15 músicos da L.U.M.E. Em seguida, os metais acompanham as séries sonoras dos cacos. Mas se a assistência pensou que o concerto seria uma sessão de free jazz, desenganou-se. É que por trás da massiva e inventiva dose rítmica, em simétrica harmonia, demarcado pelo baixo eléctrico de Miguel Amado, a sonoridade fluida e subtil em impressibilidade da Lisbon Underground Music Ensemble, contagia de alegria o auditório em originais linguagens jazzisticas, rotuladas de “pós-pós-modernismo”, ao qual acrescento prog-jazz e acid-jazz. Dirigida por Marco Barroso, o espectáculo desta big band foi bastante divertido para ficar na memória do público, que também gostou do à vontade como o compositor e pianista se dirigiu em palavras, salientando que “é importante ouvir o disco e marcar presença nos concertos, averiguando dessa forma, as diferenças, porque derivado à produção do álbum contemplar alguns elementos electrónicos, baseados em samples de falas de cinema e outros sons, as actuações ao vivo, despidas de tais roupagens, ganham outras abordagens”.


Ao fim da tarde do último dia da festa, no espaço Spot, foi possível apreciar o jazz/rock de TGB (Tuba, Guitarra, Bateria), com uma versão enérgica do hit «The Mule», dos Deep Purple. Às 20h00, apesar do derby num estádio da Segunda Circular, onde 44 pernas perseguiam uma bola, como se fosse um acto de vida ou de morte, a Sala Principal esteve muitíssimo bem composta para escutar peças de Frédèric Chopin, tocadas por Mário Laginha Trio. Não só a actuação foi agradável, facto que patrocinou um pequeno encore, como Laginha, ainda que tímido, considera que “a Festa do Jazz do S. Luiz é uma festa inigualável em Portugal, onde se juntam os músicos num ambiente apreciável, porque no nosso país os músicos de jazz dão-se todos bem”.


Sara Serpa – com historial nas festividades (numa das primeiras edições actuou no Jardim de Inverno do Teatro, passando, depois, pelo Estúdio Mário Viegas) – apresentou temas do mais recente trabalho, «Mobile». Com uma comitiva de 4 músicos, anunciava as canções que entoava, contando parte das histórias contidas em livros que lera, que serviram de suporte ao álbum, o qual pretende que seja visto e ouvido como um livro de viajantes. Ao fazer-se ouvir mediante o canto, em lugar de versos, ecoou sons como “pa-ra-rés, pa-ra-rós, pa-ra-rás” e outros que tais, tendo sido uma actuação mediana e privada de interesse.

As sessões na Sala Principal, foram concluídas com a apresentação de «The Golden Fish», do contrabaixista Nelson Cascais. Reunido com dois Andrés (o Fernandes, na guitarra,e o Sousa Machado, bateria), Matt Renzi (sax tenor) e Óscar Graça (piano), sem se por em bicos de pés, deu um concerto em que tudo correu bem, sendo este o retrato da edição da Festa na pitoresca zona do Chiado, em 2011.



Blá-blá-blá:……………….Ghost4u
Bonecos: ……………Luís Monteiro

2011 – IV – 06

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