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2009/11/22

Jimmy Cobb, o príncipe de Miles Davis

Trezentos e sessenta e cinco dias! Trezentos e sessenta e cinco dias do ano 2009, que por todo o mundo, celebra-se meio século da primeira edição de Kind of Blue, numa multiplicidade de iniciativas testemunhadas em artigos publicados na imprensa escrita, em documentários na rádio e na televisão, em acesos debates, em edições comemorativas do álbum e em festejadores concertos de homenagem ao seu autor. Em Portugal, apesar do péssimo hábito de recordarmos pouco, o momento fez história com a especial emissão radiofónica de «Um toque de jazz»(programa de Manuel Jorge Veloso, na Antena 2) e os simbólicos espectáculos concedidos pelo único instrumentista sobrevivente do deslumbrante naipe de executantes (Bill Evans, John Coltrane, Julian “Cannonball” Adderley, Paul Chambers e Wyn Kelly) que participou nas nove horas (repartidas pelos dias 2 de Março e 22 de Abril de 1959) necessárias para registar ascinco faixas do disco, das quais três, por terem sido gravadas num intervalo errado de dois semitons, devido à insistência do exigente e perfeccionista Miles Dewey Davis III, foram regravadas após o lançamento do álbum.




Também conhecido por James, o baterista Jimmy Cobb, que no vigésimo dia de 2010 completará 81 anos de vivência – lídimo legatário do efeito célebre do registo fonográfico que marcou endelevelmente o curso e o progresso da ciência jazzística – apresentou-se no palco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, de boné e trajado com camisa cinza e calça preta segura por suspensório. Acompanhado por Buster Williams (contrabaixo), Javon Jackson (sax tenor) Larry Willis (piano), Vincent Herring (sax alto) e Wallace Roney (trompete), durante 1h50 interpretaram nove temas, percorrendo todas as sonoridades inclusas em Kind of Blue. Com o seu inimitável estilo de pegar a meio a baqueta de serventia à tarola, sendo a individualidade de proa da banda, seria previsível efectuar vários solos para fazer soar o seu virtuosismo. Todavia, Cobb passou despercebido, solando uma única vez na oitava interpretação, onde no preciso momento vigoroso, quando ajeitou o suspensório, nenhuma quebra rítmica foi notada.



No papel de Miles, de cabelo curto, óculos escuros e roupa preta com jaquetão laranja-avermelhado, esteve Wallace, cujo retrato físico, apesar dos quilos a mais, faz lembrar o saudoso trompetista. Mas, como o modo de tocar acabou por não surtir o efeito desejado pelo público na inglória comparação com o “Rei”, não será de todo descabido afirmar que nem tudo é o que parece. Já o contrabaixista Buster, por falta de doseamento de improvisação, pareceu ter alguma dificuldade em entrar no ritmo de Flamenco Sketches. Em evidência esteve Javon, que graças ao notável domínio técnico, soprou frases bem fluentes e enérgicas no saxofone, dando forma aos temas e encantando a audiência.

Num espectáculo imerso de sentimentalismo, os primeiros acordes para o álbum que no seu tempo de lançamento (Agosto de 1959), não fez parte da tabela dos LP´s mais vendidos, foram dados na passagem, sem pausa, do segundo para o terceiro tema, com as notas do contrabaixo de So What, acompanhadas pela cénica luz azul a incidir sobre o sexteto.



No final, antes do tema que preencheu o encore, Jimmy Cobb apresentou o line-up e disse “espero voltar mais tarde a este país.” Se tudo correr bem, a 6 de Dezembro, o “Príncipe” estará entre nós para encerrar o simbólico regresso do Cascais Jazz.



Ghost4U (texto)


Maxmix (fotos)


(2009/XI/11)

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