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2014/02/16

L.U.M.E. e Stephanie. «What?»


 O dia da chegada de «Stephanie» aproximou-se… Portugal preparou-se para recebê-la. Os preparativos tiveram em comum a segurança e para o conseguir, foi adiado o mais popular derby futebolístico lisboeta, a circulação ferroviária na Ponte 25 de Abril foi interrompida, as ligações fluviais no Tejo foram suspensas e alguns voos destinados à Portela e ao Porto foram desviados para Faro. Mas, a recepção da «Stephanie», qual individualidade do principado do Mónaco, foi acompanhada pelos portugueses no pequeno ecrã e por destemidos cidadãos, que intensamente conscientes dos riscos que os esperavam, não desistiram da pretensão de registarem os efeitos do vigor da natureza em locais de elevada perigosidade. Foram horas a fio de emissão televisiva a narrar os episódios gerados pela tempestade que, na véspera, permitiu que 15 músicos (pianista, baixista, baterista, flautista, clarinetista, quatro saxofonista e três trompetistas e trombonistas) povoassem o pequeno palco do Hot Clube de Portugal, os quais, entrando um a um, tocavam em cacofonia, aumentando gradualmente a pressão sonora até ao rompante início de «(…)».



O concerto da Lisbon Underground Music Ensemble ofereceu-nos 8 temas de autoria de Marco Barroso (direcção e piano), cada um com a sua forma de fascínio muito própria, dos quais uma mão-cheia estão inclusos no álbum de estreia (primeiramente editado no território lusitano, no Outono de 2010, pela JACC Records; em 2013 a edição internacional foi garantida pelo selo holandês da Challenge) e os restantes farão parte do novo disco a editar em 2015.

O tema de abertura serviu apenas de aperitivo para «Freestyle Boogie», numa noite que não deixou ninguém indiferente, transportando a plateia para a ambiência de «Festa» dos B 52´s, nos anos 80 do século passado. Aliás, nesse tema, foi admirável a execução do baterista André Sousa Machado, demonstrativa que a banda não necessita do suporte de percussões sintéticas das caixas de ritmo programáveis, tendo em «Astromassa», mediante a forma de tocar e à marcação do tempo, reflectido semelhanças ao heavy-metal.


O free jazz de «Turn Around», destacou-se pelo estrondoso fraseado frenético e estético do saxofonista tenor José Menezes, que mediante o colorido rítmico e os saltos do grave ao agudo, fazem dele um criador musical dentro da própria banda.


A música da L.U.M.E. revela uma deliciosa e nova narrativa jazzista, dançante e acessível a todas as idades. Fazendo jus à afirmação, referente aos movimentos rítmicos do corpo, Barroso, num discurso incerto entre a timidez e a paródia, confidencia que para ele “só existem dois tipos de música: para abanar a cabeça ou para abanar o rabo”, porque como explicou, “não podes curtir Metallica a abanar o rabo, pois tem que ser a cabeça. Também não podes curtir James Brown a abanar a cabeça”. E, assim, em jeito de despedida, surgiu «Lux» - manifesto de satisfação vivido na Praça da Alegria.


Certamente que haverá mais festa da L.U.M.E. nos principais festivais de jazz no Verão! Esteja atento!


Blá-blá-blá: Ghost4u
Tiro ao boneco: LP (Liliana Pombo)
 
Reportagem realizada em 
2014-II-10

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