MARIA MENDES
Podia marcar presença simultânea em dois lugares? Na verdade, o dom de ubiquidade não é o meu forte… Mas tentando responder objectivamente, assevero não e sim. Não, porque Lisboa acolheu em salas distintas a cantora brasilense Mônica Salmaso e a portuguesa Maria Mendes. Sim, porquanto derivado ao atraso do espectáculo, testemunhei a inauguração de um novo espaço de móveis e decoração ao lado do Teatro A Barraca, onde foi servido vinho tinto de cor intensa e sabor persistente, acompanhado por Pão de Mafra e serrania de Queijo da Ilha.
Ante duas vozes femininas que pretendia ouvir in loco, prescindi de Salmoso sem laivos de xenofobia. Porém, por ter optado pela cantora natural de Vila Nova de Gaia e por esbarrar no presente tempo de turbulência económica e na andante e pré-formatada trapalhada política conjuntural e estrutural, poderão supor que o motivo da opção baseia-se em ideologias nacionalistas ou patriotistas… Na verdade, nunca me revi nesses chavões doutrinários; unicamente, tal como observei Cristina Branco e Jacinta, limito-me a acompanhar os primeiros passos no nosso país da nova coqueluche do jazz do velho continente com o maior número de prémios conquistados internacionalmente.
O lamiré do espectáculo é dado por Karel Boehlee, pianista holandês. Maria surge em palco de vestido abonatório das suas garbosas curvas físicas, em tons castanhos e verde-azeitona, fair pendant com o calçado de salto alto repleto de brilhantes. Pegando no microfone, deparou-se com a intempérie técnica do aparelho inventado por Hughes, estar off por falta de carregamento da bateria. Acontece que sorrindo e sem manifestar nervosidade, continuou cantando até lhe fornecerem outro microfone, revelando maturidade para ultrapassar os episódios complicados que, por vezes, o palco reserva.
No tema inicial, «Olha Só no Meu Olhar», concede forte prova de capacidade vocal em percorrer as notas do pentagrama musical, quer elevadas quer baixas, sem dificuldade e isenta de desafinação, acompanhando as notas da finalização da composição, provenientes da espontânea técnica e sensibilidade de Nélson Cascais no domínio do contrabaixo que, em «Água de Beber» (tema a incluir no próximo álbum), desenvolvia os rendilhados da melodia com simultânea marcação de ritmo, não faltando o acompanhamento do público com o estalar dos dedos.
Apesar de interpretar uma mão-cheia de temas em inglês – destaco «So Many Stars», visto que os músicos ao ficarem sozinhos no palco, ao invés de enveredarem por solos exibicionistas da capacidade de execução do piano, contrabaixo e bateria (André Souza Machado), abdicaram do papel de estrelas para conservar a realização do fraseado de cada instrumento – manteve sempre elos de ligação com a língua portuguesa, seja no português falado na nossa nação seja no português brasílico, porque “gosto da música e da poesia brasileira por ter poemas fabulosos e por ter familiares brasileiros”, assume a cantora. Assim, entoou «Começar de Novo» (clássico de Ivan Lins) e «Chorinho Pra Ele» (Harmando Pascoal). Sobre «Saia Preta» – original que consolidou o entusiasmo da assistência na primeira noite chuvosa de Outono – explicou que “após um concerto de Caetano Veloso que serviu de inspiração”, escreveu “a letra durante a viagem de táxi a caminho de casa no Rio de Janeiro”.
«Somewhere Over the Rainbow» foi o desfecho da actuação segura de Maria Mendes na apresentação do seu álbum de estreia «Along the Road», gravado na Holanda e Alemanha, misturado no continente africano e editado pela nova iorquina Dot Time Records. No êncore, optou por repetir o tema de abertura do concerto, marcado pela falha registada no microfone.
Dona de voz sui generis, recomendo aos leitores brasileiros que acorram, no dia 10 de Outubro, em terras cariocas, ao Teatro Glauce Rocha. Ela bem merece!
Apesar de interpretar uma mão-cheia de temas em inglês – destaco «So Many Stars», visto que os músicos ao ficarem sozinhos no palco, ao invés de enveredarem por solos exibicionistas da capacidade de execução do piano, contrabaixo e bateria (André Souza Machado), abdicaram do papel de estrelas para conservar a realização do fraseado de cada instrumento – manteve sempre elos de ligação com a língua portuguesa, seja no português falado na nossa nação seja no português brasílico, porque “gosto da música e da poesia brasileira por ter poemas fabulosos e por ter familiares brasileiros”, assume a cantora. Assim, entoou «Começar de Novo» (clássico de Ivan Lins) e «Chorinho Pra Ele» (Harmando Pascoal). Sobre «Saia Preta» – original que consolidou o entusiasmo da assistência na primeira noite chuvosa de Outono – explicou que “após um concerto de Caetano Veloso que serviu de inspiração”, escreveu “a letra durante a viagem de táxi a caminho de casa no Rio de Janeiro”.
«Somewhere Over the Rainbow» foi o desfecho da actuação segura de Maria Mendes na apresentação do seu álbum de estreia «Along the Road», gravado na Holanda e Alemanha, misturado no continente africano e editado pela nova iorquina Dot Time Records. No êncore, optou por repetir o tema de abertura do concerto, marcado pela falha registada no microfone.
Dona de voz sui generis, recomendo aos leitores brasileiros que acorram, no dia 10 de Outubro, em terras cariocas, ao Teatro Glauce Rocha. Ela bem merece!
Blá-blá-blà: Ghost4u
Tiro ao boneco e Penetra habitual: *©OsMi©_KeY§*_®
2012-IX-27
Nota: As fotos usadas foram tiradas com tlm ( as pretendidas não chegaram a tempo) pelo que desde já pedimos desculpa pela qualidade apresentada tanto à artista e aos nossos leitores.
Pedimos também desculpa pelo atraso.
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