1 de Julho de 2012
Para muitos o primeiro dia de férias, o calor aperta e convida à praia para uns banhos e um pouco de sol, em breve começa também a final do Europeu de Futebol, a isto tudo se junta as filas intermináveis de trânsito, os acidente, as sirenes, as correrias ás grandes superfícies, mas não para mim.
Parto em direcção a Lisboa, Centro Cultural de Belém é a paragem para o que se ambicionava ser um memorável concerto em terras lusas, e não me enganei.
O rescaldo da noite segue dentro de momentos...
( Nota pessoal: *©OsMi©_KeY§*_® - Culto do Vinil)
O rescaldo da noite segue dentro de momentos...
( Nota pessoal: *©OsMi©_KeY§*_® - Culto do Vinil)
DATA HISTÓRICA
Se houve dia distinto através de eventos históricos foi, indubitavelmente, 1 de Julho. Não faltaram conquistas desportivas: aos 29 anos, a vimarense Dulce Félix conquistou a medalha de ouro no Campeonato Europeu de Atletismo na disciplina dos 10 000 metros, em Helsínquia, na Finlândia; com distinção, a equipa de arbitragem portuguesa liderada por Pedro Proença, marcou presença na final da modalidade que consta de 44 pernas em frenética perseguição a uma inocente bola, onde Espanha, goleando a Itália por 4-0, sagrou-se campeã europeia e conseguiu o feito inédito de vencer três campeonatos consecutivos.
Mas não há só feitos desportivos, também há cultura: o espírito da multiculturalidade pela música no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Mas não há só feitos desportivos, também há cultura: o espírito da multiculturalidade pela música no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
O concerto
arrancou com Habib Faye – renovador
do panorama musical senegalês, que aos 15 anos, num espectáculo em Dakar, onde
estava como espectador, subiu ao palco, demonstrando qualidades técnicas na
forma de tocar baixo – acompanhado por Carlos Gbaguidi (baterista germânico),
Lionel Fertin (teclista francês), Ademir Cândido (guitarrista brasileiro) e
Moustapha Cissé (percussionista), deu a conhecer o cocktail jazz/rock/funk sob a égide rítmica africana, do seu álbum «H2O».
Como compositor e intérprete,
cantando no dialecto nativo, em Ethnie»,
as notas extraídas do baixo acompanhavam o instrumento natural – voz – cujo
registo tem semelhanças a Milton Nascimento (na véspera actuou nas Festas de
Lisboa). «Bakhou» foi declaradamente
um verdadeiro maná de contratempos descodificados e, na atmosfera de «Jambo», emergiu um excelente solo pelas
cordas mais agudas do baixo. Em «Njeggel»
e «Meditation», Ademir trocou a
guitarra pelo cavaquinho e Habib utilizou uma viola acústica. A plateia que
assistiu à actuação não renegou aplausos ao músico que, em tempos, desenvolveu
a sua arte de instrumentista, mediante treinos diárias de 15 horas.
Às 20h26,
após intervalo de 20 minutos aproveitado por elementos do público para se inteirar
do resultado da latina partida futebolística, surge o brasilense Dudu Lima, que como autodidacta estudou
contrabaixo, fazendo do instrumento o protagonista por direito próprio. Trajado
de branco e lenço azul na cabeça, estreia-se sozinho em palcos europeus
acompanhado do baixo eléctrico de quatro cordas, afinado em quartas
(Mi-Lá-Ré-Sol) e suspenso num tripé.
Ainda o nosso
apetite por este músico desconhecido tinha sido despertado e enquanto
digeríamos o falso final de «Sul do
Brasil», em que converteu o baixo num instrumento de percussão, batendo
vigorosamente os dedos nas cordas, já Dudu chamava ao palco Stanley Jordan para
interpretar com ele o tema «Regina» (homenagem
à mãe), no qual, além do tradicional papel do baixo de dar a tónica do acorde e
sobretudo a responsabilidade precisa de tempo, volta a surpreender com fraseado
escorreito e cheio de beleza, concedendo nova sonoridade ao instrumento, transformado
num baixo-sintetizador. Sem nunca negligenciar a sua tarefa ritmicista, esta
complexa e original forma de tocar (aparentemente fácil como se fosse uma
brincadeira de crianças), liberta um colossal aplauso.
.
Apresentando
temas que fazem parte de «Friends» –
novo LP –, o norte-americano Stanley
Jordan, de 53 anos, tocou sem constrangimento e com mestria em contextos
antagónicos, trilhando o terreno fronteiriço entre jazz, blues, rock e música clássica, da mesma forma que conseguiu
apresentar novas paisagens de sonho em standards
e clássicos de outros artistas, baseadas em roupagens inigualáveis. Com enorme
capacidade reinventiva, ouviu-se «Somewhere
Over the Rainbow», «Eleanor Rigby» e «El
Condor Pasa», onde foi evidente que a falta de acompanhantes não se fez
notar, uma vez que tem noções de ritmo muito seguras e é detentor de espantoso
sentido melódico.
Absolutamente
só no palco, o auditório rendeu-se ao seu talento quando assistiu ao momento
ímpar em que, fruto de ter estudado piano dos 6 aos 12 anos de idade, tocou
piano e guitarra numa técnica extremamente apurada e em simultaneidade. Seguiu-se
um momento de cumplicidade entre ele e o amigo Dudu Lima (incluso no lote dos
10 melhores baixistas mundiais e com quem toca à 11 anos), que sendo ambos
excelentes acompanhadores, são primeiro que tudo criadores de novas sonoridades
mediante os instrumentos tocados. Mas as parcerias não ficaram por aqui… À dupla,
juntou-se o clã de Habib Faye num ambiente de festa que terminou num encore,
onde Dudu, em determinado momento, percorrendo a corda em toda a sua escala,
extraiu a sonoridade idêntica ao roncar do motor de uma mota em aceleração.
“Muito obrigado. Estou muito feliz por estar
aqui” foram
as palavras de Stanley Jordan, um modelo e um ideal guitarrista, que proporcionou
um concerto cheio de surpresas, apaixonadamente aplaudido pela assistência e
concluído às 22h10
Blá-blá-blá: …………..Ghost4u
Tiro ao boneco: ………Maxmix
Agente Infiltrado:... ... ... *©OsMi©_KeY§*_®
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